Bem opiniões pessoais a parte, estou meio cansado de ver e ouvir essas pessoas fazerem gracinha quando juntam Prost, chuva e Interlagos na mesma panela.Não só aqueles que repetem o que ouvem ou lêem da mídia especializada, mas da própria mídia especializada. Só o que se ouve é "ah, como vocês sabem, chuva e Prost não são duas coisas que casam muito bem...", esse tipo de besteria. Contarei uma passagem do livro do mítico Professor Dr. Sid Watkins que, ao narrar o drámatico resgate ao francês Didier Prironi após seu gravíssimo acidente em Hockenheim, em 1982, lança luz sobre o tema. Primeiro, vou lhes premiar com uma bela passagem do fantástico livro do professor "Life at the Limit - Triumph and Tragedy
in Fromula One":
"(...) Chovia cântaros em Hockenheim, e tinha sido assim ao longo de toda a manhã de sábado - poucos carros estavam andando porque a sexta-feira tinha estado seca e não havia perspectiva dos pilotos melhorarem seus tempos da véspera (aqui um a parte meus, recordem de como era a regra da qualificação, os tempos de sexta valiam para formação do grid. Por isso era importante marcar um bom tempo já na sexta, pois se no sábado chovesse, o piloto ficaria mal posicionado).O grid era basicamente o da véspera, e Pironi estava na pole; ele também comandava o Campeonato Mundial. Herbert Linge, eu próprio e o anestesista da ONS estávamos sentados no Porsche no começo da parte do Estádio quando vimos a bandeira vermelha.
O acidente fora do outro lado do circuito e o carro destroçado estava há uns duzentos metros da entrada para o arquibancada. As equipes da ONS - com carros de salvamento e com os Porsches médicos de intervenção rápida estacionados no início da longa reta que leva até a entrada do Estádio - estavam lá quando nós chegamos. Pironi estava consciente, seu capacete já tirado e ele sabia que as suas pernas estavam terrivelmente feridas. Ele implorou-me para certificar que salvaria suas pernas e eu dei-lhe minha palavra. Ele estava cheio de dores e suas pernas terrivelmente deformadas com o impacto.
O Anestesista da ONS ministrou-lhe um analgésico intravenoso depressa e o rapaz adormeceu e sem dor. A Ferrari estava totalmente destruída e tivemos de cortar um bom bocado do carro para libertar as pernas de Pironi. Ele ainda estava dormindo, pelo que colocamos talas das duas pernas. Chovia furiosamente uma névoa caía sobre o topo das árvores da floresta de Hockenheim.
Foi enviado um helicóptero para o local. Penso que foi necessário uma meia hora para resolver a situação até Pironi estar suficientemente estabilizado para ser transportado por helicóptero (...).
A reconstituição do acidente mostrava que Prironi estava andando rápido no molhado e e tinha iniciado uma ultrapassagem ao que ele julgava ser uma nuvem de spray de um carro. Na realidade havia dois carros e Pironi bateu na traseira do carro de Prost e foi projetado, aterrissando, primeiro de traseira, e, depois, projetado de novo no ar para o impacto final. Mais tarde Pironi contou-me que no seu vôo pode ver os topos das árvores! Era fantástico como ele estava vivo."
Pois bem, como é possível extrair da bela narrativa do Prof, Sid Watkins, Didier Pironi bateu atrás de Alain Prost. Depois desse dia, Prost dizia que sempre que chovia ele via no retrovisor de qualquer carro que estivesse pilotando, a Ferrari de Pironi abalroando-lhe a traseira e decolando.
Assim, podemos assimilar de melhor forma porque Prost não é muito fã de pista molhada (na imagem acima, um jovem Alain Prost tirando as primeiras lições da pista molhada).
É muito fácil apontar o dedo e rir duma dificuldade de alguém sem calçar sues sapatos (ou sapatilhas) e percorrer o caminho que essa pessoa trilhou.
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