quinta-feira, 1 de maio de 2014

Senna, 20 anos

Marau (vamos lá) - Eu não ia escrever uma linha sobre o aniversário de Ayrton Senna, tanto de nascimento quanto de morte. Penso que já passou da hora de deixá-lo descansar, por vários motivos. Morreu. teve inquérito policial, teve processo, julgamento e o próprio Sir Frank Williams admitiu, em off para a família que acreditava mesmo na tese da promotoria, que o acidente se deu por um remendo mau feito na coluna de direção do FW16, o que não ficou provado nas vias judiciais. Hoje, vinte anos depois da morte do piloto, ainda se especula e se fala demais sobre isso. Chega. É hora de lembrarmos do homem, sem ufanismo barato (que quase sempre, qualquer ufanismo, é barato). Relembrar as vitórias, derrotas, as polêmicas. Pensar no que estaria fazendo se ainda estivesse vivo, mas com tenência. Hoje em dia há livros, sites, blogs e toda sorte de material que nos ajudam a fazer isso. Devemos parar de desenhar o ídolo e traçarmos, numa só linha, a pessoa, o filho, o garotão que casou-se cedo e foi pra Inglaterra tentar a sorte como profissional. Pensar se realmente a mídia mainstream acertou ao esculpi-lo como herói nacional das manhãs de domingo. Recomendo fortemente o livro do meu xará Ernesto Rodrigues "Ayrton o herói revelado", um tijolão de mais de 600 páginas. Não se deixem levar pelo títulos dos capítulos (que na maioria das vezes até parecem sarcástico em face ao que escrevo hoje).
Pintado como o genro que toda sogra gostaria de ter, Senna tinha uma veia, de grosso calibre, de "Dick Vigarista", apelido muito usado para descrever Michael. Schumacher. Vingativo, neurótico com a própria performance (na pista) Senna foi capaz, assim como Schumacher de provocar, deliberadamente, acidente que lhe proveu títulos mundias. Foi assim com Prost em 1990, assim como Schumacher fez com Damon Hill em 1994. Senna começou nesse negócio de corridas quando era criança, apoiado financeiramente pelo pai que, por vezes, achava que o preço cobrado pelo preparador de motores para seu kart era "barato demais pra ficar bom". Participou de campeonatos mundias de kart e nunca foi campeão. Título esse ostentado por pilotos que andavam no perigoso meio do grid da F1 como Jan Magnussen, Jarno Trulli e mais tarde Giedo Van der Garde. Outra coisa que poucos lembram ou sabem é que Nelson Piquet também é tri-campeão mundial de F1 assim como Senna. Piquet provocava certa antipatia na emissora oficial por não ter saco para aturar a bajulação da mesma. Vinte anos depois, penso que é hora de deixar o espírito de Senna repousar, onde quer que esteja.

Um comentário:

  1. Quando eu era criança, via as corridas do Senna. Houve, sim, algo que ele conseguiu despertar "a mais" no Brasil, que na minha opinião o futebol nunca foi capaz de repetir. Nos dias que sucederam a morte dele, a tristeza era total, de um jeito que eu também nunca vi igual -- a única coisa análoga que consigo pensar é quando morreram os Mamonas, mas eu mesmo não fiquei tão abalado assim, e a tristeza foi mais nos jovens, enquanto a do Senna foi geral.

    À parte disso, eu na verdade nunca achei que o Senna fosse santo. Em 1990, eu entendo os motivos dele (1989, largar na parte suja). Não defendo, mas consigo seguir a linha de raciocínio dele. Mas na época dele de Fórmula Ford, ele era bem perigoso. De qualquer forma, ele foi um excelente piloto, e é por isso que eu gosto dele, no fundo. Ninguém é perfeito, e de alguém como Senna eu procuro ver suas características no esporte, não na vida pessoal.

    ResponderExcluir

Este é o momento mais gratificante do blog. Deixe seu comentário e faça um blogueiro feliz!