sexta-feira, 22 de maio de 2009

Déjà vu

Faz alguns dias que penso em escrever sobre a história da guerra FISA-FOCA e, atualmente, FIA-FOTA, num mesmo post. Primeiro, as primeiras coisas (ou, se você preferir, relembremos Jack - vamos por partes):

ANOS 80
FISA - Fédération Internationale du Sport Automobile: à época, braço da FIA, responsável pelas competições de automóveis. - Protegia as montadoras - Ferrari, Renault e Alfa-Romeo.
FOCA - Formula One Constructors Association: como o inglês sugere, Associação dos Construtures da F1. - Garagistas - Brabham, Lotus, Williams, entre outras.
ATUALMENTE
FIA - Fédération Internationale de l'Automobile: essa todo mundo conhece, quem gere as competições e eventos ligados ao automobilismo.
FOTA - Formula One Teams Association: Associação das Equipes de F1.


No início dos saudosos anos 80, a F1 passou por uma crise similar. Acontecia que a Ferrari, mesmo com seus possantes V12, a Renault, com seus motores turbo e a Alfa-Romeo, também com a mais pura força bruta italiana parafusada ao monocoque não estavam felizes. Os criativos engenheiros dos times ingleses, apelidados de "garagistas", uma vez que não eram montadoras como as 3 equipes supra citadas, estavam, a algum tempo, tirando a diferença dos motores Cosworth para os possantes motores italianos e franceses na prancheta. Ou seja, projetavam e construíam chassis fenomenais afim de suprir a carência de potência dos engenhos Cosworth.
A guerra FISA-FOCA (a qual classifico como a "1ª Guerra Mundial da F1") teve como estopim o disposto acima; as equipes que não eram montadoras (FOCA) estavam derrotando a força com inteligência (os protegidos da FISA). O "desconforto" dos reclamantes (montadoras) era em relação ao fenomenal carro asa, criado por Colin Chapman, que todo mundo passou 2 anos tentando copiar, sem sucesso. A FISA, em tentar reduzir a eficiência dos carros-asa, fracassou devido a Suspensão Hidro-Pneumática. Digo fracasso porque, na Brabham, trabalhava um tal Gordon Murray como engenheiro (que fique bem claro não era inglês, mas era empregado do Uncle Bernie). A briga foi feia e houve, inclusive, um boicote ao GP de San Marino de 1982, por parte dos times da FOCA, em protesto a desclassificação da Brabham de Nelson Piquet e da Williams de Keke Rosberg em decorrência dos "freios refrigerados a água".


A atual guerra (2ª Guerra Mundial da F1), todo mundo sabe o motivo. A FIA está impondo um teto orçamentário para a temporada de 2010. No início era de 30 e poucos milhões de libras. Após algumas negociações, passou para 40 e se diz por aí que está em 44 milhões de libras. Nota-se que a coisa é passível de negociação. Ao invés da Ferrari ficar surtando, deveria negociar com a FIA. Outras equipes que pactuam com as idéias de Maranello em não aceitar o teto são: Renault, Toyota, RBR e STR, todas ameaçando a retirar-se no fim da temporada, caso as regras não forem mudadas. As participações da Renault na F1 são cíclicas. A Toyota, acredito, sairia mais cedo ou mais tarde, já que vem investindo jamantas de dinheiro na equipe desde 2001 sem obter uma vitória sequer. A RBR e STR são um capricho de um milhonário que creio não estar muito preocupado se Vettel, com a RBR, está em 3º no Mundial de 2009 ou se Bourdais, com a STR, não anda nada. Já a Ferrari está muito aí. Se não estivesse preocupada com seu futuro na F1, não teria entrado na justiça francesa e não apelaria como, com certeza, o fará. Um fato que se deve levar em consideração é que todas as equipes de 2009 fazem parte da FOTA, mas a idéia de gastar menos agrada apenas Williams, Brawn GP e Force India. Estamos a pouco mais de 10 dias da data limite para a inscrição no Mundial de 2010. Porém tenho certeza que muita coisa vai acontecer. E sem a Ferrari, começo ter minhas dúvidas de quem sai perdendo; se é ela mesma ou a F1.
O tempo é continuo, a História, cíclica.

Um comentário:

  1. Agora estive lendo no Tazio e todos as atuais equipes se uniram contra o novo regulamento. Talvez agora cheguem a um ponto comum, apesar das palavras sempre desanimadoras do Max Mosley.
    Como sempre, a saída está em se conversar e definir um ponto intermediário entre os interesses de cada parte.
    Tudo deve ser resolvido nessa semana, para o bem da categoria.
    Ficou muito legal a comparação entre estas duas guerras.
    Abraços.

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