terça-feira, 31 de março de 2009

Não Agüento Mais!!

Não agüento mais ouvir e ler besteiras sobre os difusores traseiros. Assunto amplamente divulgado pela mídia "especializada" dizendo que apenas a Brawn, Williams e Toyota usam os difusores. MENTIRA, BOBAGEM, ESTUPIDEZ, IGNORÂNCIA. Todas, eu disse TODAS, as equipes da F1 2009 usam difusores traseiros (e difusores não são lá nenhuma novidade na F1). O que acontece é que a Brawn, Williams e Toyota simplesmente interpretaram o regulamento, enquanto as demais apenas o leram. Chega de falar coisas de que não se sabe ou de que não se tem certeza. E tem mais: eu vou provar!


Na foto acima, o "difusor da discórdia", do BGP 001. Um detalhe:
o que está incomodando os reclamantes é a parte central da peça,
em forma de cálice (triângulo invertido). A altura do difusor não deve
ultrapassar 17,5cm. A largura
não acompanha a mesma medida do aerofólio, apresenta aletas e dizem
"a boca pequena" que o cálice "suga" mais rapidamente o ar debaixo do
carro.


TF109, também com a parte central mais pronunciada, apresenta
aletas e a largura extravasa os limites laterais do aerofólio.


Williams FW31. Também apresenta aletas e é um pouco mais largo
que o aerofólio.


F60, aspecto clean, porém um tanto mais largo que o aerofólio e com
algumas aletas, não tão pronunciadas como nos demais bólidos.


BMW-Sauber F1. 09. Bem menos conservador que os da Ferrari e
McLaren, com um aspecto agressivo na parte central.
Parece que é até um pouco mais estreito que o aerofólio. Lembra muito o
difusor do ano passado.


MP4/24, com aletas e o centro curvo, com a largura ultrapassando os
limites da asa traseira.


RB5, estreito, acompanhando a largura do aerofólio,
mas com a parte central com uma certa curvatura e aletas. O mesmo
se aplica ao bólido "irmão mais novo", STR4.


VJM02 (Force India). "Largão" e clean, sem aletas.


R29. Alguns centímetros mais largo que o aerofólio,
maior na parte central e aletas.


Mas, afinal, para que serve o tal do difusor? Um pouco de história nos ajudará a elucidar a função desta peça. Colin Chapman, o mago da Lotus, tinha experiência em Aeronáutica. Um belo dia, Chapman pensou: Bem, para um avião alçar vôo, nas suas asas, o ar que passa por debaixo delas percorre com menor velocidade do que em cima das mesmas. E se eu fizer uma asa, inverte-la, colocar rodas e um motor, será que esse carro terá maior downforce (pressão aerodinâmica)? A resposta veio por meio do legendário Lotus 79, que correu em 1978, o famoso carro-asa. O downforce era tamanho que o bólido executava curvas muito mais rápido que os "não-asa". Entrava (pela porta da frente), na F1, o efeito solo. O projeto de Chapman era realmente uma asa (invertida) sobre rodas (plano na parte superior com o fundo curvo).



Este acidente com Derek Daly ilustra de maneira fenomenal como
era o fundo do carro-asa. Note que o fundo vem se curvando da frente
para trás e o assoalho do carro fica até meio longe do solo. O ar era canalizado
graças às saias de polipropileno nas laterais que direcionavam o ar para trás do carro.
Ah, Daly saiu caminhando do carro...




Eis um croqui da idéia de Chapman: note o quão curvo era o fundo do
carro (em vermelho), conferindo que o ar passasse por debaixo dele
com maior velocidade que em cima. As saias de polipropileno estão em amarelo.


Acima, o Lotus 79 que disputou o certame de 1978, resultado da idéia de
Chapman. O primeiro carro-asa da História da F1.
Abaixo, algumas provas de que difusores traseiros não são lá uma novidade no circo:

Lotus Renault 98 T de 1986. Dufusor circulado em vermelho.


Lotus Honda 99 T de 1987, peça marcada em vermelho.
Lotus Renault 98 T de 1986. Marcado em vermelho.

Lotus Renault 98 T de 1986, difusor contornado em vermelho.
Lotus Renault 98 T de 1986, difusor circulado em vermelho.

Lotus Honda 100T de 1988. Contornos em vermelho sobre a peça.

Pois bem. A FIA proibiu o carro-asa a partir de 1982, pois a velocidade média dos carros estava muito alta, já que contornavam as curvas em alta velocidade. Morreu muita gente a bordo dessas maravilhas da Engenharia. Os criativos engenheiros das escuderias criaram, então, o DIFUSOR. Uma peça que, colocada na traseira do carro, utilizando o mesmo princípio de asa de avião invertida, proporciona maior downforce por fazer com que o ar que passa por baixo do carro transite em maior velocidade que o ar que passa por cima do bólido.

FUTURO
Não quer dizer que se todas as equipes copiarem o difusor da Brawn, elas se aproximarão. O pacote aerodinâmico é muito particular e funcional. É como o Soares querer entrar numa calça nº42: Não vai funcionar!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este é o momento mais gratificante do blog. Deixe seu comentário e faça um blogueiro feliz!